
Clarice Lispector é realmente a dona da razão. Incrível como seus escritos nos calham em mãos dizendo a coisa certa na hora mais precisa, sempre. É como se ela calculasse o que nos poderia acontecer em míseros fragmentos de segundo e que isso fosse para nos aprontar e fortalecer para o que estava a fim de advir de pior nos momentos mais importunos. As últimas palavras dela que li há uma semana avisaram-me e eu não quis acreditar. Tola. “Eu tenho um amor em minhas mãos que me escapa entre os dedos querendo que eu o recupere”. “O definível está me cansando um pouco.” E era isso, tudo estava altamente definível e não é bem assim que as coisas têm que ser. O amor tem que ser inesperado, admiravelmente abrasador, há tempos o que sentíamos não andava mais assim. Tinha como presumir cada passo, nada mais espantava e por capricho empurrávamos a relação juntos com a barriga somente por estarmos acomodados com o namoro. Frio, cavo, porém namoro.
Quando começou não havia como crer que aquilo perduraria mais do que o nosso primeiro beijo, mas as coisas foram caminhando, passo a passo, e acabou durando até demais. Demais porque eu o amava mais do que podia, vivia por ele e a cada dia olvidava que dentro disso tudo tinha certo mim que mais e mais eu deixava de lado. Não era mais saudável. Juntos passamos momentos maravilhosos, delirantes, inesquecíveis e aprendemos, crescemos. Eu não sabia que ele era capaz de fazer tanto por mim, e fez. O carinho que hoje, cá, tenho por ele não tem como regular, a importância, o respeito é grande demais e a ele só tenho a agradecer. Por mim ele fez uma coisa que há muito tempo eu tentava fazer e me sentia incapaz de. Não podia ter deixado isso ir tão longe, não fazia mais bem nem a mim, muito menos a ele que calado agüentou todas as minhas reclamações e fez com que existissem momentos magníficos ao seu lado que me fizessem esquecer de todos os problemas. Problemas tais que às vezes nem existiam, eu apenas criava para ter um pouco mais de zelo, pois com as brigas eu via o quão ele se importava em só fazer isso crescer, eu me sentia bem fazendo-o sofrer, inconscientemente. Acabou e dessa vez eu sei que não tem mais volta, o que é uma pena, pois eu podia ter feito melhor, eu sei disso.
Ele deve saber que eu o amei e o amo muito, que não vivi nada de tão absorvente e duradouro antes disso. Ter conhecido sua família, ter me apegado tanto a todos eles foi um dos passos mais importantes que demos, pelo menos pra mim. Fez parecer mais palpável, que aquilo tudo não era somente mais uma de minhas quimeras irrefreáveis. E eu ainda me recordo da primeira vez que ouvi eu te amos saírem por meio de seus lábios. Fico feliz por saber que mesmo após o fim eu consegui fazer ele me amar assim como eu o amava muito antes de compartilharmos suores, isso pra mim, de início, parecia-me impraticável. Ele foi e é a razão de muitas coisas que hoje me rodeiam. Ele despertou em mim uma vontade incontrolável de escrever, ele foi a grande causa do nascimento do meu blog. - Obrigada. – Ele me fez sonhar, planejar e me fez acreditar em cada vírgula que dão vida às minhas palavras avulsas.
Não há como resumir esse todo muito que vivemos. Não importa a quantidade de páginas e de vocábulos teatrais. Nada nunca delineará cada minuto ao lado desse grande homem que fez de mim mulher. Essa é apenas uma forma de evidenciar o meu orgulho por ter vivido isso, pra dizer o quão ele ainda me é importante e que eu não vou querer me manter longe dele, jamais. A amizade me seria muito formidável, ainda mais vinda de uma pessoa que tanto me instruiu.
Após chorar mil lágrimas desesperadas, e ouvir o derradeiro “não vou voltar atrás” vindo do telefone, eu engoli o pranto, vesti minha armadura e fiz de mim mulher forte. Cheguei ao quarto e me desfiz de cada folha, pétala, flor seca, tampa de garrafa, tudo que ele me entregava nos dias que passávamos juntos e que eu guardava em uma caixa com muito carinho obrigando-me a manter aquilo vivo até darmos o nosso último adeus. E se foi. Deletei mensagens, apaguei fotos, fiz de um tudo, mas ainda sinto um vazio. Acabou, pois era triste amanhecer sozinha sabendo que ele ainda estava anoitecendo. Nunca andamos ao mesmo compasso. – Infelizmente - O que me inquieta é que após tudo isso eu consegui adormecer, coisa que antes eu não faria. Dormi, e dormi muito bem. Parece que foi porque eu me senti mais leve em saber que agora ele está alforriado, livre para mais pra frente, quem sabe, encontrar uma outra flor que desabroche no mesmo tempo que ele. Foi bom enquanto durou e hoje eu posso dizer que por mais que durante essa história de amor tenhamos passado por muitas brigas e desalinhos, ele foi o melhor erro de toda minha vida.
8 comentários:
caramba, me sinto diferente depois de ler esse texto.
caramba paguei um pau.
qualquer coisa conta comigo bjs
Lindo, Carol! Sua vida é poética e sua criatividade me surpreende.
Espero que sua inspiração não tenha limites e que você continue mantendo isso tudo vivo para despertar um pouco da Clarisse que há dentro de nós.
Fique bem!
Beijos.
Geeeeezuuuuuuuuzzzzzzzzzzz!
Que garota madura! Muito bem colocadas as palavras... quase consegui pegar seus sentimentos nas mãos heheh
E realmente, a Clarice é ótima...
:*
todos agradecemos por teres criado esse blog..lindo carol.
"ele foi o melhor erro de toda minha vida". for now. uahshusauashuhas
beijos.
“O definível está me cansando um pouco.”
Carolina,
Não lembro a última vez que me senti tão tocado por um texto. Vc me arrasou.
Terrível essa sensação de "falência emotiva" que se experimenta nessas horas.Uma sensação de incompetência emocional
que desnorteia e cala.
"O amor tem que ser inesperado, admiravelmente abrasador"(essa foi certeira na cabeça de um ser passional como eu)
"...pois era triste amanhecer sozinha sabendo que ele ainda estava anoitecendo."(ouch!)
"Parece que foi porque eu me senti mais leve em saber que agora ele está alforriado"(sei exatamente o que vc quer dizer com isso.)
Bom, esse é um daqueles prazeres de quem gosta de ler: encontrar espelhos. O que se vê às vezes pode não ser muito belo,mas é libertador ver a sí mesmo como se é. É função de pessoas como vc fazer essa tradução dos espelhos. Vc o fez muito bem.
Parabéns. É por isso que gosto tanto desse espaço.
Bom, eu de minha parte voltei a vida intelectual depois de um longo e tenebroso inverno de trabalho e estudo. Retornei com um poema para ser apedrejado.
Se tiver um tempinho,apareça.
Grande bjo
"Fez parecer mais palpável, que aquilo tudo não era somente mais uma de minhas quimeras irrefreáveis. "
adorei isso. e adorei o final, ficou tão filme..
é bonito quando consegue clarificar-se.
e que fique a luz;
de olhos, de esperança;
luz!
li e achei lindo demais.. acho que merecias ler isso.. passei por isso a 5 meses atras, e sei extamente desse vazio que você fala.. acho que não tem nenhuma dor pior que essa, um dor que não doi, um dor vazia de falta de alguma falta.. mas durante esses meses eu aprendi a me recuperar com as lembranças e fazer delas um passado, sem a vontade da volta, mas um passado bom de recordar.. descobri tb preencher a falta não com outro amor, porque nao samos metades de ninguem e nem ninguem pode nos fazer feliz.. descobri a felicidade e preencher fazendo o bem a pessoas, hj apos 5 meses estou recuperada e agradeço a deus por ter preenchido esse meu vazio
ah que deus ate abençoe e minha querida demora, doi, parece impossivel mas o tempo cura!
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